Sem Despertador
Eu to cansada, confesso! Eu poderia ter ido dormir à tarde
naquela sexta-feira que tinha cara de segunda. Era melhor eu ter dormido do que
me preparar toda linda pra ouvir suas palavras que está de saco cheio de mim e
que vai embora.
Eu poderia ter dormido e teria sido bem mais agradável. Nos
meus sonhos alguém precisa de mim. Eu queria que você precisasse. Precisar de
alguém é tão lindo... É como sair da ignorância de que pode fazer tudo sozinho.
O pior é que quem ficou nessa ignorância agora fui eu. Ignorância, arrogância,
frieza ou amor próprio, chame do que quiser.
Ainda bem que agora eu to mais crescida, mais adulta – mesmo
com essa aparência de adolescente, esbelta, sedentária e preguiçosa que não tem
coragem de levantar pra dar uma caminhada. – Porque eu fui podada por você.
Que, sem dó, arrancou minhas folhas. Mas, assim como acontece com as flores,
quando se é podada, sempre cresce mais forte. E eu cresci. E ainda vou crescer,
pra poder te olhar nos olhos, encarar e dizer um “oi” sem lembrar de uma
lágrima. E ainda sair por cima. Isso não é inconveniente da minha parte. É como
tomar um café com gosto amargo, engolir e ficar tudo bem.
Depois da sexta-feira veio aquele sábado pra me fazer
lembrar do último final de semana em sua “ilustre presença”. Que na verdade, nunca
foi lá tão ilustre assim, eu só achava porque tinha luz demais e daí fiquei
cega.
Você vai me entender... O precipício alto demais. E
desculpa. Eu tenho medo de altura. Eu poderia ter ido dormir, naquela sexta com
cara de segunda... E sem despertador que me acordasse.
(Joyce Costa)
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