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Antiquária sua {2}

By 08:00 ,


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Oi,
eu tô aqui tímida. Pra falar que achei uma foto sua aqui, ela estava escondida em um pequeno baú sob o recamier do quarto. Aquele em que você foi várias vezes pra dizer que sentia minha falta. Achei aquela foto tão intacta que parecia ter sido revelada ontem. E você sabe como sou apaixonada por fotografias... Elas eternizam momentos, são dotadas de lembranças, e no caso, lembranças suas.
Também achei umas cartinhas, meio amareladas porque tem tempo que estão guardadas, aquelas do início de tudo... E você não vai acreditar! Encontrei também um filme, lembra do nosso primeiro filme juntos? Estávamos no sofá da sua casa, com um balde de pipocas e um cobertor que cobria a gente naquele mês frio de junho. Nós ríamos daquela comédia romântica como nada fizesse sentido, porque perdíamos mais partes da história do que outras coisas...
Achei também o ingresso de cinema, o anel de compromisso, uma embalagem de bombom, um diário, um lenço seu, um papel de carta, uma caneta com nossas iniciais e mais um monte de vestígio seu. De vestígio nosso. E ao contrário do que você deve estar pensando ao ler isso aqui, escrevo esta carta pra dizer a você para não voltar. Porque nada vai ser igual. Tudo isso virou só lembrança. O passado existiu, mas não existe mais, não se pode voltar nele e querer fazer tudo diferente, e querer voltar pra lá é loucura. Esse monte de vestígio pode ser até interessante, virei antiquária sua. Mas só porque eu me fascino pelo passado, porque fatos me intrigam. Não porque você ainda me cause algum sentimento. Quando ler esta carta, provavelmente estarei deixando o baú de lado, os vestígios guardados e qualquer experiência no passado. Optei por esquecer tudo e não sei o que estou sentindo. 
A história tem mais uma página esperando pra ser escrita, mas esperando novas cores, novos personagens, novos tempos verbais, novas escritas de si.
-Antiquária o quê! Virei escritora. Peguei caneta e papel e comecei um novo livro, naquele velho sofá. Ouvindo a música nova de uma banda qualquer... Era aquilo que me dava inspiração. E que me motivou a começar de novo.


Crônica, por Joyce Costa.
À minha querida amiga Jullieny, a primeira a ler esta 'carta'.

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